Escrito por Criável
A moda ama a juventude. Mas o que significa, hoje em dia, ser jovem?
Em um mundo que se movimenta para ressignificar suas ideias ao redor do corpo, da beleza e da sexualidade, especialmente a feminina, é claro que a idade não ficaria de fora. Na verdade, nossa percepção de idade parece estar cada vez mais flexível, flutuante, se relacionando muito mais com um “estado de espírito” do que com uma fase de vida e todas as suas narrativas.
Nessa pegada, as francesas Caroline de Maigret e Sophie Mas, conhecidas pelo best-seller “Como ser uma parisiense em qualquer lugar do mundo”, acabaram de lançar “Old, but better, but older” – uma espécie de crônica sobre a vida da mulher depois dos 40, que inclui piadas como não ser notada por um cara de trinta e poucos em uma festa ou o presidente do seu país ser mais jovem que você.
Apesar de cômico, o livro destaca algo que, como pesquisadoras de moda e comportamento, a gente já vem notando há um tempo: O rejuvenescimento dos 40 anos e uma geração de mulheres maduras e absolutamente jovens, em conteúdo e aparência, abrindo novas conversas e pontos de vista sobre temas como trabalho, família, sexo, beleza, estilo de vida e etc.
E como a moda tem respondido a tudo isso?
Bom, no Brasil, é um pouquinho mais complicado. A França, por exemplo, é um país muito mais amigável para mulheres depois dos 40. Um lugar melhor para envelhecer, ter rugas, cabelos grisalhos, um corpo naturalmente menos tonificado (ou que teve filhos), com ícones de beleza e estilo de todas as idades. É claro que ainda há muito culto à magreza, entre outras questões, mas no Brasil, em contrapartida, além de obsessão por um corpo eternamente perfeito, pelo bumbum na nuca, há também as cirurgias plásticas, o cabelo sempre retocado, e a falta de representatividade de mulheres “mais velhas” não como mães ou senhoras, mas simplesmente mulheres. Se apaixonando, viajando, mudando de profissão, encontrando um caminho espiritual, aprendendo algo novo, conversando sobre política, enfim, mulheres.
Há muitas marcas cujo o público tem, em sua maioria, mais de 40 anos. E que, mesmo assim, só escalam modelos com mais de 30 para campanhas de Dia das Mães. O que significa que essa é uma oportunidade em potencial de se diferenciar. De aproveitar um nicho de mercado interessante, cheio de personalidade e maior poder aquisitivo. Que já se conhece e sabe o que quer.
Não dá mais pra ter medo de passar dos 40, nem de colocar modelos um pouquinho menos jovens nas fotos de e-commerce, ou de criar eventos de lançamento que envolvam mulheres que não vão se deslocar até uma loja só para beber uma ou duas cervejas. O que a gente precisa, de fato, é algum atrevimento – não só para amadurecer a maneira como criamos as nossas imagens, como para aprofundar o conteúdo da moda brasileira.
Deixe um comentário